O legado de 2025 e o que esperar de 2026

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Especialistas debatem o legado de 2025 e as perspectivas para 2026 no setor de biogás e biometano. Webinar reúne profissionais, analisa regulação, CGOB, investimentos, desafios estruturais e aponta caminhos para a descarbonização no Brasil com o biogás e biometano.
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Fonte: organização do evento.
Debate
Insights estratégicos

O legado de 2025 e o que esperar de 2026

Confira o resumo da segunda edição da retrospectiva mais aguardada do setor de biogás e biometano.

 

O setor de biogás e biometano no Brasil está encerrando 2025 em um ritmo de "Transformação" e "Consolidação", marcado por um crescimento exponencial de interesse e investimentos. Este foi o consenso entre os líderes e especialistas reunidos no webinar "Biogás e Biometano: Legado de 2025 e o que esperar de 2026", realizado pela parceria entre a Amplum Biogás e o Portal Energia e Biogas. O evento contato com a produção da Biosfera Comunicação.

O evento, transmitido ao vivo no dia 11 de dezembro de 2025, reuniu um time de peso do setor, não apenas celebrou os avanços regulatórios e de mercado, mas também confrontou o "elefante na sala" (um problema óbvio que todos percebem, mas evitam discutir): os desafios estruturais que precisam ser superados para que o biogás e o biometano se estabeleça como um vetor de descarbonização estrutural da economia.

 

Acesse o webinar: Biogás e Biometano: Legado de 2025 e o que esperar de 2026

 

O Legado de 2025: regulação, investimento e a palavra-chave do ano

A moderadora, Leidiane Mariane (Amplum Biogás), abriu o debate destacando 2025 como um ano surpreendente, repleto de anúncios de investimentos, consultas públicas para políticas e regulação, e a entrada em operação de novas plantas de biometano.

Para Heleno Quevedo (Portal Energia e Biogas), o ano foi de "Crescimento", comparando o momento atual do biogás ao boom de expansão do setor de energia solar fotovoltaica em 2018, com um aumento expressivo na busca por informações e na cobertura jornalísticas em diferentes mídias.

Os convidados foram desafiados a definir o ano de 2025 em uma palavra, revelando a dinâmica do setor:

  • Oportunidade, destacada por Rosana Santos (Instituto E+ Transição Energética)
  • Transformação, citada por Marisa Maia de Barros (Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo - SEMIL)
  • Consolidação, apresentada por Felipe S. Marques (CIBiogás) 
  • Desacoplamento, foi a palavra introduzda pelo Gabriel Kropsch (SINERGÁS) 
  • Mandato, a palavra expressa por Manuela L. Kayath (MDC Energia/ABiogás) 
  • Precificação, a palavra apontada pela Rebecca Gompertz (Argus Media) para representar 2025.

 

O Mandato e o Desacoplamento

O Certificado de Biometano (CGOB) foi unanimemente apontado como o grande evento do ano. Felipe (CIBiogás) e Manuela (MDC Energia/ABiogás) destacaram a importância do CGOB para criar um mercado para o atributo ambiental do biometano.

Gabriel (SINERGÁS) introduziu o conceito de "Desacoplamento", que ele considera o ponto essencial da nova regulação. Segundo ele, o CGOB permitirá que o consumidor que busca descarbonização compre o atributo ambiental separadamente da molécula física do gás.

Esse modelo permite desacoplar a descarbonização da compra da molécula física. O consumidor que deseja descarbonizar pode continuar adquirindo gás natural e, separadamente, comprar o CGOB, mantendo a operação exatamente a mesma, destacou Gabriel (SINERGÁS).

No entanto, o debate sobre a meta inicial de 0,25% de biometano no consumo de gás natural gerou controvérsia. Gabriel criticou a meta como um "tiro no pé" para o setor, argumentando que o volume é muito baixo e criará um excedente de CGOB no mercado voluntário, enfraquecendo o mercado obrigatório. Manuela reforçou que a ABiogás continua trabalhando para aumentar essa meta, buscando um equilíbrio entre segurança de suprimento e ambição.

 

Biometano no Palco Global e a realidade em São Paulo

Rosana Santos (Instituto E+) trouxe a perspectiva internacional, destacando que a COP de 2025 marcou a entrada definitiva do biometano no debate global de descarbonização, saindo do nicho de "transição energética" para o de solução estrutural.

A materialização dessa transformação foi evidenciada por Marisa (SEMIL SP), que citou o Programa de Biometano de São Paulo (BioSP, criado pela Prefeitura de São Paulo), com a utilização de biometano em frotas públicas (caminhões de lixo e transporte coletivo), como uma comprovação do modelo de negócio.

 

O Elefante na Sala: os desafios de 2026

O segundo bloco do webinar focou no "elefante na sala": o maior problema que o setor precisa enfrentar em 2026.

i. O Digestato: O Biofertilizante Esquecido

Para Felipe (CIBiogás), o maior problema é o digestato (biofertilizante), um dos três produtos da digestão anaeróbia, que continua sendo subvalorizado.

A gente produz três coisas (biometano, CO2 e digestato) e continua emitindo nota fiscal pela venda de apenas um produto... entre eles, o digestato é um elefantaço na sala, enorme e que faz sombra no setor inteiro, citou Felipe (CIBiogás).

Ele ressaltou que o Brasil importa 85% de seu fertilizante, enquanto as plantas de biogás estão localizadas em áreas de produção de proteína animal, vizinhas às áreas consumidoras de grãos. A valorização do digestato diversificaria as receitas das plantas e reduziria a pressão sobre o preço da molécula de metano.

 

ii. Sair da Bolha e a Ambição Global

Rosana Santos (Instituto E+) e Manuela (Biogás) convergiram na necessidade de o setor "sair da bolha" e mirar o mercado internacional.

Manuela defendeu que o endgame do biometano é a sua utilização em combustíveis sintéticos, amônia e SAF (Combustível Sustentável de Aviação), e, crucialmente, no BioGNL marítimo (International Maritime Organization - IMO). Isso exigirá padronização e certificação global de ciclo de vida para transformar o biometano em uma commodity com certificados fungíveis internacionalmente.

Rosana complementou, citando o potencial do biometano para a descarbonização da indústria de minerais críticos e a produção de aço de baixo carbono, setores que exigem altas temperaturas que a eletricidade não pode suprir.

 

iii. Precificação, Previsibilidade e Atributos da Rede

Rebeca (Argus Medídia) destacou que a precificação do biometano é um desafio contínuo, mesmo com o CGOB. Ela ressaltou que, assim como na Europa, o mercado brasileiro terá preços diferentes para diferentes matérias-primas e anos de contrato, mas a criação de um preço de referência (como o lançado pela Argus) é vital para iniciar as discussões.

Marisa (SEMIL SP) reforçou a necessidade de previsibilidade e segurança jurídica na regulação para garantir que os investimentos de longo prazo sejam realizados.

Por fim, Heleno Quevedo (Portal Energia e Biogas) levantou um ponto menos discutido: a valoração econômica dos serviços de qualidade da rede fornecidos pela geração de energia elétrica a partir do biogás em pequena escala. Ele argumentou que a estabilização dos parâmetros da qualidade da energia distribuída pela rede das concessionárias de energia é um atributo importante que atualmente não é remunerado.

 

A Visão para 2026: A Era da "Biometanocultura"

Ao final do debate, Heleno Quevedo propôs a palavra "Biometanocultura" para 2026, definindo-a como uma atividade econômica que valoriza todos os produtos da digestão anaeróbia.

Para 2026, a expectativa é que o Brasil tenha mais biometanocultores, engajados em aprender, divulgar e estruturar estratégias capazes de desenvolver novos negócios. O setor de biogás é único e alcançará maior escala e capitalidade quando sua valorização considerar múltiplos produtos, apresentou Heleno (Portal Energia e Biogas).

A mensagem final destaca pela  Leidiane (Amplum Biogás) sobre pontos apresentados no debate é clara: o setor precisa de uma visão holística, onde o biometano, o biofertilizante e os serviços ambientais sejam integrados e valorizados. O Brasil tem a matéria-prima e a tecnologia; o desafio de 2026 é aprimorar a regulação e a visão de mercado para transformar essa "Oportunidade" em uma realidade global.

O debate concluiu que 2026 será o ano da execução regulatória e da expansão estratégica. O sucesso do setor dependerá da capacidade de transformar o CGOB em um ativo líquido e de integrar a receita do biofertilizante para garantir a viabilidade de longo prazo.

 

Agradecimentos

Encerramos este webinar com a certeza de que ele cumpriu um papel estratégico para o setor: reuniu vozes de peso do biogás e do biometano, promoveu um debate qualificado sobre os marcos de 2025 e ajudou a construir uma visão mais clara sobre os desafios e oportunidades de 2026. O engajamento do público reforça essa relevância, foram 362 visualizações ao vivo e, apenas dois dias depois, o conteúdo já havia alcançado 451 visualizações.

A todos que participaram, acompanharam e seguem compartilhando este debate, nosso sincero agradecimento. Seguimos juntos, fortalecendo o setor, ampliando o diálogo e construindo o futuro do biogás no Brasil.

O Portal Energia e Biogás agradece à Amplum Biogás, pela parceria estratégica e condução deste importante debate; à Biosfera Comunicação, pela excelência na produção e organização do webinar; e a todos os apoiadores: ABiogás, CIBiogás, Argus Media, 8º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano, Konek.Lab e Mulheres do Biogás pelo apoio institucional que tornou este encontro possível. Aos participantes e especialmente ao público que prestigiou o webinar. A contribuição de cada parceiro foi fundamental para o sucesso do evento e para o fortalecimento do diálogo qualificado sobre os rumos do biogás e do biometano no Brasil.

 

Acesse o webinar: Biogás e Biometano: Legado de 2025 e o que esperar de 2026

 

 

 

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