Entrevista com Gustavo Ramos (MCTI) sobre o 7º FSBBB

publicado em 17/03/2025 19:33 e atualizado em 19/03/2025 00:20
aproximadamente 11min6s de leitura
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Entrevista exclusiva com Gustavo Ramos, assessor da SETEC/MCTI e coordenador do GEF Biogás Brasil, sobre desafios regulatórios, tecnológicos e de mercado para o biogás. Acompanhe no 7º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano, de 8 a 10 de abril!
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Entrevista 2025
7º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano
 

Entrevista | Gustavo Ramos – Assessor da SETEC/MCTI

Um bate-papo sobre os desafios regulatórios, tecnológicos e de mercado para o biogás e biometano

 

Damos início à nossa série de entrevistas sobre o 7º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano (FSBBB) com uma conversa exclusiva com Gustavo Ramos, assessor da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (SETEC) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e Coordenador do Projeto GEF Biogás Brasil. Nesta segunda entrevista, exploramos as ações e a visão de futuro do MCTI para o setor do Biogás. Com ampla experiência na área, Gustavo Ramos compartilha insights valiosos sobre o 7º FSBBB, que acontece de 8 a 10 de abril, em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha.

Confira a entrevista completa e descubra por que esse evento é imperdível!

 

Como o GEF Biogás Brasil tem trabalhado para impulsionar o papel do biogás na agenda nacional de transição energética e descarbonização industrial?

O projeto GEF Biogás Brasil ajudou a posicionar o biogás como peça-chave da transição energética e da descarbonização no Brasil. Nosso país tem um dos maiores potenciais de biogás do mundo, mas sua adoção ainda enfrentava desafios como acesso a financiamento, baixa capacitação técnica e pouca integração com o setor energético. O projeto atacou essas e outras barreiras de maneira articulada e com a força de diversas instituições de competência, tanto do setor público quanto do setor privado.

Mobilizamos cerca de 80 milhões de dólares entre financiamento direto e indireto, incluindo cofinanciamentos e contrapartidas. Investimos em unidades de demonstração na Região Sul para testar tecnologias e otimizar processos. Criamos modelos de negócios inovadores, promovemos trocas internacionais de conhecimento e aproximamos produtores e investidores. Capacitamos mais de 10 mil alunos de diversos países com cursos do projeto, incluindo a Trilha de Capacitação em Biogás, que foi o maior treinamento online gratuito sobre o tema na América Latina.

É importante lembrar que o biogás vai além da energia. Ele também significa uma gestão mais eficiente de resíduos agroindustriais e urbanos, um vetor de novos mercados e empregos, e um catalisador da economia circular. No Brasil, ainda dependemos muito de combustíveis fósseis na indústria e no transporte, e temos muito a avançar na gestão e aproveitamento de resíduos. O biogás é uma solução fundamental nesse contexto.

O GEF Biogás Brasil contribuiu para a melhoria do ambiente de negócios, provando, com dados, ferramentas e estudos, que o biogás é competitivo, e desenvolvendo novos modelos de negócios em parceria direta com o setor privado. Também ajudamos a embasar políticas públicas e promovemos um diálogo interministerial contínuo, garantindo que o biogás fosse incluído em discussões estratégicas.

 

Quais os principais desafios regulatórios, tecnológicos e de mercado ainda enfrentados para a expansão do biogás no Brasil, e como o projeto tem contribuído para superá-los?

Apesar dos avanços, ainda há desafios importantes. Regulamentação mais clara e mais incentivos específicos para o biometano são essenciais para destravar investimentos, principalmente no setor industrial e de transportes. O Brasil tem um mercado de gás natural consolidado, mas ainda precisamos facilitar a injeção do biometano na rede e garantir previsibilidade para os investidores.

No campo tecnológico, há espaço para aumentar a eficiência das plantas de biogás, principalmente para pequenos e médios produtores rurais, que ainda não aproveitam todo o potencial da tecnologia.

Em termos de mercado, além das atividades de capacitação e do desenvolvimento de modelos de negócios, o projeto GEF Biogás Brasil fomentou a inovação e o intercâmbio de conhecimento, trazendo tecnologias globais adaptadas ao contexto nacional e garantindo que empresas brasileiras estejam conectadas às cadeias de valor internacionais. As unidades de demonstração do projeto também são um mecanismo fundamental de disseminação de boas práticas, fortalecendo o setor.

Um desafio importante de mercado é atrair investimentos e estruturar contratos de longo prazo. Pensando nisso, trabalhamos para divulgar mecanismos de crédito e criar modelos de negócios viáveis, provando que o biogás é rentável e competitivo, além de reduzir emissões de gases de efeito estufa.

 

O MCTI tem um papel estratégico no desenvolvimento da bioenergia no Brasil. Além do projeto GEF, quais são os outros programas e ações do MCTI para fomentar o setor de biogás?

O MCTI possui a competência de articular, estruturar e coordenar as políticas de ciência, tecnologia e inovação, bem como atua na liderança dos eixos relacionados à pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação dos diversos programas setoriais governamentais. Nesse sentido, o MCTI trabalha em várias frentes para fortalecer a bioenergia e os biocombustíveis, e o GEF Biogás Brasil é uma das nossas iniciativas mais robustas nesse setor, promovendo projetos de integração do biogás a outras fontes renováveis e fomentando parcerias estratégicas.

Além dessa ação, estamos participando da fase de preparação do projeto MAF Action, que busca estruturar um mercado interno de fertilizantes organominerais de carbono negativo, com potencial para mitigar mais de 45 milhões de toneladas de CO₂ equivalente e fortalecer a bioeconomia.

O biometano também é uma prioridade, pois é um substituto do diesel no transporte pesado e dos combustíveis fósseis na indústria, reduzindo emissões sem exigir grandes adaptações. Para que ele ganhe escala, estamos trabalhando para garantir competitividade e acessibilidade, tanto em infraestrutura quanto em financiamento.

 

Em relação às inovações no campo das energias renováveis, qual a visão de futuro do MCTI para o setor do Biogás?

O futuro do biogás no Brasil é a integração. Ele será cada vez mais conectado a outras fontes renováveis, como o hidrogênio de baixa emissão de carbono, criando e ampliando modelos híbridos de produção e armazenamento de energia. A digitalização e a inteligência artificial também vão transformar o setor, permitindo monitoramento remoto e otimização de plantas de biogás, reduzindo custos e aumentando a eficiência.

No longo prazo, o biogás não será somente uma fonte de energia, mas um eixo estruturante da bioeconomia, gerando novas oportunidades para o agronegócio, a indústria e o setor de transportes, ao mesmo tempo em que contribui para a transição energética e a segurança alimentar.

 

Qual legado o projeto GEF Biogás Brasil pode deixar para outros países em desenvolvimento do Sul Global?

Nosso projeto mostrou que é possível integrar inovação tecnológica, políticas públicas e parcerias estratégicas para acelerar o desenvolvimento do setor de biogás.

O Brasil tem um potencial gigantesco para biogás e biometano, e o que aprendemos aqui pode inspirar e ser replicado em outros países do Sul Global. Compartilhamos modelos de negócios, estratégias de financiamento e boas práticas técnicas, ajudando na transição para uma economia mais verde e resiliente em mercados emergentes.

Nosso legado é a demonstração de que o biogás não é apenas viável, mas uma solução transformadora, que pode gerar empregos, reduzir emissões e promover o desenvolvimento sustentável.

 

O projeto GEF dá apoio institucional ao Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano. Como o MCTI vê a importância do Fórum como um espaço para a inovação no setor?

O Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano é um dos principais espaços para debater o presente e o futuro do setor, conectando pesquisa, mercado e políticas públicas.

É uma plataforma essencial para discutir desafios regulatórios, novas tecnologias e oportunidades de investimento. Além disso, fomenta a troca de experiências entre empresas, governo e academia, fortalecendo o ecossistema do biogás no Brasil.

O MCTI apoia e valoriza eventos como esse, pois eles ajudam a impulsionar a inovação, atrair investimentos e consolidar o biogás como vetor estratégico para a economia brasileira.
 

 

Gustavo Ramos

Assessor da SETEC/MCTI

Coordenador do Projeto GEF Biogás Brasil

O projeto é liderado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), implementado pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) e conta com o CIBiogás como principal entidade executora. Perfil no LinkedIn.

 

7º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano (FSBBB)

O 7º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano reúne, em Bento Gonçalves (RS), os principais agentes da cadeia de biogás e biometano, incluindo empresários, desenvolvedores de tecnologia, agentes públicos, extensionistas, pesquisadores e estudantes. Com um público dinâmico e em constante renovação, o evento se destaca como um dos mais relevantes do setor.

Além das plenárias, os participantes têm a oportunidade de se conectar em um Espaço de Negócios vibrante, que fomenta parcerias e impulsiona novos projetos. Desde sua primeira edição, o Fórum tem se consolidado como um catalisador de inovação e desenvolvimento para o setor de biogás no Brasil. O país, reconhecido por seu imenso potencial na área, se fortalece a cada edição do evento como referência mundial.

📅 Quando: 8 a 10 de abril
📍 Onde: Bento Gonçalves (RS)
🔗 Mais informações e programação completa: biogasebiometano.com.br

 

Sobre o Fórum

O FSBBB tem como missão impulsionar o desenvolvimento da cadeia de biogás e biometano no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, ampliando seu impacto para todo o Brasil. Consolidado como um dos principais fóruns de promoção de negócios do setor, o evento transcende a região Sul, atraindo participantes de todo o país.

A 7ª edição do Fórum é realizada pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), anfitriã deste ano, em parceria com o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás) e a Embrapa Suínos e Aves. A organização do evento fica a cargo da Sociedade Brasileira dos Especialistas em Resíduos das Produções Agropecuária e Agroindustrial (Sbera).

O Portal Energia e Biogás é Parceiro de Divulgação do evento, reforçando seu compromisso com a disseminação de conhecimento e o fortalecimento do setor.

 

Mais informações sobre o 7º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano podem ser obtidas nos canais:

 

Participe!

 

 

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