Primeira Hilux movida a Biometano

Primeira Hilux movida a Biometano

Toyota apresenta a primeira Hilux movida a biometano do Brasil e reforça compromisso com a transição energética sustentável

Durante a 30ª edição da Agrishow — a maior feira de tecnologia agrícola da América Latina, realizada de 28 de abril a 2 de maio em Ribeirão Preto (SP) — a Toyota do Brasil apresentou ao público um marco inédito: o protótipo da primeira picape Hilux movida a biometano do país. A iniciativa posiciona a montadora japonesa na vanguarda das soluções de mobilidade limpa e reforça sua estratégia de descarbonização no Brasil por meio de múltiplas rotas tecnológicas.

O veículo, até então apresentado apenas em ambientes restritos, como a cúpula do G20 Energy Transition Week em Foz do Iguaçu, foi finalmente mostrado ao grande público. A estreia oficial no maior palco do agronegócio brasileiro foi acompanhada pela visita de autoridades, incluindo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que testou pessoalmente o protótipo e destacou o papel do agronegócio na aceleração da transição energética.

Um veículo alinhado com a vocação do Brasil

A Hilux a biometano é resultado de um trabalho conjunto entre os centros de engenharia da Toyota no Brasil e na Argentina. Baseado na versão 2.7L de quatro cilindros fabricada em Zárate, o modelo foi adaptado para rodar com biometano — um combustível renovável produzido a partir da purificação do biogás, que por sua vez é gerado a partir da digestão anaeróbia de resíduos orgânicos ou como os da cana-de-açúcar (vinhaça), dejetos de animais ou restos agroindustriais e da digestão anaeróbia de culturas energéticas.

Diferentemente do gás natural fóssil, o biometano é parte de um ciclo biológico fechado, que não contribui para o aumento líquido das emissões de gases de efeito estufa. E, mais do que isso, pode ser produzido localmente em propriedades rurais, promovendo autonomia energética e transformando resíduos em combustível para os próprios veículos de trabalho.

Segundo a Toyota, esse conceito dialoga diretamente com as vocações agrícolas do Brasil.

“Reafirmamos nosso compromisso com uma mobilidade mais sustentável, conectada às vocações do país e com impacto positivo para o meio ambiente e a sociedade”, afirmou Evandro Maggio, presidente da Toyota do Brasil.

Por que agora? Por que no Brasil?

O lançamento do protótipo em território brasileiro não é coincidência. O Brasil é um dos poucos países no mundo com infraestrutura e tradição consolidadas em biocombustíveis, com destaque para o etanol e, mais recentemente, o biometano. O país também conta com políticas públicas de incentivo, como o RenovaBio, que estabelece metas de descarbonização e fomenta o uso de combustíveis renováveis.

Além disso, o setor agroindustrial brasileiro — especialmente o sucroenergético — gera vastos volumes de resíduos orgânicos, que podem ser convertidos em biogás e posteriormente purificados em biometano. Isso cria um ecossistema favorável à produção descentralizada de energia, principalmente em regiões rurais, que tradicionalmente enfrentam desafios de infraestrutura elétrica.

Exemplo de produção de biometano na Fazenda

No Brasil, já existem projetos bem-sucedidos que demonstram o potencial da produção de biometano diretamente em propriedades rurais. Com base no exemplo prático da Fazenda SF Agropecuária, localizada em Brasilândia, no Mato Grosso do Sul, fica evidente que a produção de biometano em propriedades rurais já é uma realidade promissora no Brasil. Em sua coluna Horizontes do Biogás, o especialista Fábio Soares relatou em detalhes como a fazenda superou sua dependência de combustíveis fósseis e energia elétrica convencional, adotando um sistema inovador baseado na digestão anaeróbia dos dejetos de suínos. Com apoio da AIR LIQUIDE, New Holland, MWM e TECNOGÁS, foram implantados cinco biodigestores e o sistema AG050, que permite purificar o biogás e transformá-lo em biometano de alta qualidade. Desde fevereiro de 2023, a fazenda se tornou praticamente autossuficiente em energia, utilizando o biometano gerado para abastecer veículos como tratores, caminhões e caminhonete, além de gerar eletricidade. Este case demonstra como o produtor rural pode, com tecnologia e planejamento, reduzir custos operacionais, agregar valor à gestão de resíduos e ficar menos exposto à volatilidade do mercado internacional do petróleo. A iniciativa não só fortalece a sustentabilidade financeira e ambiental da propriedade, mas também serve como referência concreta para a transição energética no agronegócio brasileiro. 

O lançamento da Hilux a biometano certamente representa uma oportunidade estratégica para acelerar a transição energética na mobilidade no campo, incentivando não apenas a renovação da frota com veículos mais limpos e eficientes, mas também estimulando o produtor rural a investir na produção local de biometano como fonte renovável de combustível - Portal Energia e Biogás

Um novo capítulo da estratégia de transição energética da Toyota

A Toyota é reconhecida por sua estratégia de transição energética baseada em diversificação tecnológica. No Brasil, a montadora foi pioneira no lançamento de veículos híbridos flex — que funcionam com eletricidade e etanol — e segue desenvolvendo alternativas como células a hidrogênio em outros mercados.
Com a Hilux a biometano, a empresa reforça seu compromisso com soluções sustentáveis voltadas não apenas para o mercado urbano, mas também para o setor rural, onde há grande potencial para o uso de biocombustíveis e tecnologias descentralizadas.

Mais do que um protótipo: um símbolo

Na Agrishow, o protótipo da Hilux dividiu espaço com outros modelos do portfólio da Toyota, como o Corolla, Corolla Cross, RAV4, Hilux tradicional e SW4. No estande de 1.700 m², os visitantes puderam realizar test-drives e conversar com especialistas da montadora. Mas o destaque, sem dúvida, ficou por conta da picape sustentável, que capturou o imaginário de produtores, pesquisadores e formadores de opinião.

Ao lançar essa inovação em uma feira voltada ao agronegócio, a Toyota transmite uma mensagem clara: a mobilidade do futuro pode — e deve — nascer a partir do aproveitamente eficiente os resíduos do presente para produção de biocombustíveis. O biometano deixa de ser apenas uma promessa para se tornar uma alternativa real, viável e ajustada à realidade do campo.

Se depender da Toyota, o som dos motores no campo poderá, em breve, carregar o tom da sustentabilidade.

Ponto estratégico observado pelo público presente na Agrishow

O lançamento apresentado é, por enquanto, um protótipo, cujo principal destaque foi demonstrar a capacidade do motor em operar de forma eficiente com biometano — um avanço significativo rumo à descarbonização do transporte pesado. No entanto, ainda existem desafios a serem superados até que a versão final chegue ao mercado. Entre os pontos que deverão ser aprimorados está o redesenho do projeto, com foco no reposicionamento e na distribuição mais eficiente dos cilindros de biometano sob a caçamba. Certamente essa adaptação poderá liberar ou até maximizar o espaço interno da caçamba, otimizando a funcionalidade do veículo sem comprometer sua autonomia energética e capacidade de carga.
 

Para saber mais, acesse: Mobilidade Sustentavel

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